terça-feira, 9 de dezembro de 2025

 In English, we say I like to talk with you,

a simple truth, neatly folded, 

polite as a smile shared across a room.

But in love we murmur:

I wanna hear every little thing you say,

the half-formed thoughts,

the soft rambles,

the stories you think don't matter

because to me, they're constellations.

In English, we say I like to talk with you,

as if words were something we trade.

But in love we confess:

your voice is the place my heart leans toward,

every syllable a thread tugging me closer,

every pause a promise you don't know you're making.

In English, we say I like to talk with you,

a phrase that fits in daylight.

But in love we know:

I memorize the shape of your sentences,

I replay the way you breathe between words,

I hold your laughter lika a lantern in my chest.

In English, we say I like to talk with you.

But in love,

we say I wanna hear every little thing you say,

and we mean:

your voice feels like home,

even when you're not here.


- Midnight thoughts...

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Sometimes I stand on the edge of myself -

half fire, half frost,

burning for something I can't name

and freezing from the fear of wanting it.

Some days, I am a storm of conviction:

loud, sure, unshakable.

Other days, I fold into silence,

a whisper afraid of its own echo.

I crave softness -

yet, I armor my heart with steel.

I long to stay - 

yet, every bone in me aches to run.

I reach toward the light,

and still, shadows cling to me.

I love the quiet,

yet, I ache for chaos and thunder.

And still - 

even with the conflict humming beneath my ribs

I exist in the in-between,

breathing, searching, becoming.

Because somewhere inside me,

beneath the noise and the doubt, 

there is a truth whispering:

You are allowed to be both.

You are allowed to be the fire and the ice.

You are allowed to be the storm

and the calm after it.


- Midnight thoughts...

segunda-feira, 1 de julho de 2024

 Aquele lugar, o ar.

Primeiro, fiquei sabendo que gostava de Diadorim - de amor mesmo, amor mal encoberto em amizade. Me a mim, foi de repente, que aquilo se esclareceu: falei comigo. Não tive assombro, não achei ruim, não me reprovei - na hora. Melhor alembro.

O nome de Diadorim, que eu tinha falado, permaneceu em mim. Me abracei com ele. Mel se sente é todo lambente - "Diadorim, meu amor..." Como era que eu podia dizer aquilo?

E como é que o amor desponta?

Coração cresce de todo lado. Coração vige feito riacho colominhando por entre serras e varjas, matas e campinas. Coração mistura amores. Tudo cabe.

E eu - como é que posso explicar ao senhor o poder de amor que eu criei? Minha vida o diga. Se amor? ... Diadorim tomou conta de mim.

E de repente eu estava gostando dele, num descomum, gostando ainda mais do que antes, com meu coração nos pés, por pisável; e dele o tempo todo eu tinha gostado. Amor que amei - daí então acreditei.

Um Diadorim só para mim. Tudo tem seus mistérios. Eu não sabia. Mas, com minha mente, eu abraçava com meu corpo aquele Diadorim - que não era de verdade. Não era?

Diadorim deixou de ser nome, virou sentimento meu.

Aquilo me transformava, me fazia crescer dum modo, que doía e prazia. Aquela hora, eu pudesse morrer, não me importava.

Diz-que-direi ao senhor o que nem tanto é sabido: sempre que se começa a ter amor a alguém, no rameirão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na ideia, querendo e ajudando; mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois.

Tudo turbulindo. Esperei o que vinha dele. De um aceso, de mim eu sabia: o que compunha minha opinião era que eu, às loucas, gostasse de Diadorim, [...] no fim de tanta exaltação, meu amor inchou, de empapar todas as folhagens, e eu ambicionando de pegar em Diadorim, carregar Diadorim nos meus braços, beijar, as muitas demais vezes, sempre.

Abracei Diadorim, como as asas de todos os pássaros.

Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura...

amor é a gente querendo achar o que é da gente.


Grande Sertão: Veredas - João Guimarães Rosa

Trechos lidos por Maria Bethânia em "Caderno de Poesias".

terça-feira, 25 de junho de 2024

quarta-feira, 24 de abril de 2024

 A Dream Within A Dream


Edgar Allan Poe


Take this kiss upon the brow!

And, in parting from you now,

Thus much let me avow -

You are not wrong, who deem

That my days have been a dream;

Yet if hope has flown away

In a night, or in a day,

In a vision, or in none,

Is it therefore the less gone?

All that we see or seen

Is but a dream within a dream.


I stand amid the roar

Of a surf-tormented shore,

And I hold within my hand

Grains of the golden sand -

How few! yet how they creep

Through my fingers to the deep,

While I weep - while I weep!

Oh God! can I not grasp

Them with a tighter clasp?

Oh God! can I not save

One from the pitiless wave?

Is all that we see or seen

But a dream within a dream?

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Quando vier a primavera,

Se eu já estiver morto,

As flores florirão da mesma maneira

E as árvores não serão menos verdes que na

primavera passada.

A realidade não precisa de mim.


Sinto uma alegria enorme

Ao pensar que a minha morte não tem

importância nenhuma.


Se soubesse que amanhã morria

E a primavera era depois de amanhã,

Morreria contente, porque ela era depois de

amanhã.

Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir

senão no seu tempo?

Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;

E gosto porque assim seria, mesmo que eu não

gostasse. 

Por isso, se morrer agora, morro contente,

Porque tudo é real e tudo está certo.


Podem rezar latim sobre o meu caixão, se

quiserem.

Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.

Não tenho preferências para quando já não puder

ter preferências.

O que for, quando for, é que será o que é.


- Alberto Caeiro, pseudônimo de Fernando Pessoa.