domingo, 8 de março de 2015

Talvez uma dose de veneno sele a insanidade e brinde o vazio, me traga o frio e o doce esquecimento. Todos esses dias monótonos e cinzas ficarão guardados na memória para que eu nunca me esqueça dos últimos instantes inúteis que gastei escrevendo mediocridades, e me desculpando pela milésima vez de algo que você já me perdoou há tempos, eu é que não consigo me perdoar. O silêncio servirá para eu saber que não restou nada nem ninguém pra companhia, nem mesmo para um último drink letal. Os livros... ah, os livros... aqueles que foram meus refúgios nas horas de agonia, parceiros da madrugada, que me inspiravam e me faziam viajar quando tudo estava realmente uma droga, eles ficarão como prova das minhas insônias e das minhas tentativas em vão de sonhar. O violão que por vezes fez sons alegres e tristes, dedilhados e arranjos, carregados de significado e pesar, aquele que eu usei pra te dedicar algumas músicas e até compus algumas melodias nada boas, ele falará por mim, dedilhado por outro alguém, as notas que não consegui compôr para te dar. Dos meus dias de inspiração restaram os desenhos, rabiscos mal traçados de uma visão torpe e cega das pessoas em meu mundo. Esses traços foram meus melhores esforços de desenhar meus sonhos e ideias, do jeito que gostaria que fossem. E as palavras, secas e amarguradas, ora dramáticas, às vezes românticas, sempre confusas e carregadas de dualidades e palavras atípicas, que desvendam minha esquizofrenia e bipolaridade, mas ao mesmo tempo, gritam as dores do meu silêncio e silenciam-me nas vezes que não devia ter aberto a boca, e ainda assim, o fiz, é nelas que está minha imortalidade, foi isso que eu fiz. Passei a vida toda em constante mudança, mas desde que aprendi, escrevo. Para me libertar, para reclamar, para me lamentar, para desabafar, para passar o tempo. Minhas palavras são o que eu fui, o que eu sou, o que eu gostaria de ser, e o que eu poderia ser. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário