quarta-feira, 12 de agosto de 2015

É estranho essa preocupação que sinto com alguém que mal conheço, e ao mesmo tempo conheço tão bem. Estranho querer te tirar toda a agonia que sentes, se possível com minhas próprias mãos. Eu sempre tive essa mania inapropriada de achar que posso curar as feridas de todo mundo apenas porque desejo o fazer, e sempre fico frustrada ao constatar que não posso. Mas hoje não. Não agora, pelo menos. Mais cedo, sim, pensei nisso. Pensei em diversas formas de falar com você, de te mostrar que estou aqui, pensei no que eu poderia te dizer que pudesse levar sua dor embora, e como isso me perturbou o dia todo, mas agora não mais. Não quero mais pegar a sua mão, e caminhar junto com você nesse túnel escuro em que se encontra agora. Não quero acender nenhuma luz pra te guiar, nem fazer nenhuma fogueira pra te aquecer. Quer dizer, quero, lógico, se pudesse te proteger de tudo isso, eu faria sem pestanejar, mas não posso. Você precisa enfrentar seus medos e dores sozinha, eu contigo só atrapalharia e ficaria te pressionando a fazer o percurso do meu jeito, e não é assim que as coisas funcionam. De agora em diante, você atravessa o túnel, e eu vou por fora, te acompanhando. Atravesse sem pressa, passe pelo que tiver que passar no seu tempo, e procure tirar o melhor disso no fim. Se demorar, eu armo barraca lá fora, pacientemente. Se o tempo mudar, e o frio te achar, eu faço fogueira, esperando te aquecer um pouco, mesmo de longe. Vou cuidar de você de onde estiver, na sua caminhada, eu vou estar lá, mesmo que não me vejas. Chega de querer ter controle sobre tudo, chega de querer pular etapas para que as coisas fiquem como eu quero. Se não quer falar sobre o que está acontecendo, tudo bem, embora eu saiba que claramente algo a incomoda, não mais insistirei. Se precisa te tempo pra se curar, pra pensar, refletir, se abrir, eu vou esperar. E no fim do túnel, depois da escuridão, você verá uma luzinha bem pequena, talvez já quase apagada, mas brilhante. É lá que eu vou estar, esperando a sua tempestade passar com uma lanterna nas mãos, para que se acostume aos poucos com a claridade externa após dias em uma noite profunda. E talvez seja assustador no começo, talvez você exite em sair, mas eu estarei lá pra te mostrar como é bom encontrar a luz e poder sorrir depois da dor. E eu pegarei sua mão e te ampararei se estiveres muito fraca. Não tenhas medo, agora eu sei que tudo tem seu tempo e seu momento, não vou mais gritar minhas exigências. Vou apenas sentar e esperar que as suas sejam cumpridas. Posso estar pronta hoje, e estarei mais pra frente. Posso esperar sem problemas. Agora caminhe seu percurso sem medo, estou te assistindo de longe. Até o fim do túnel!

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