quarta-feira, 20 de julho de 2016

Depositar dinheiro na minha conta de vez em quando não te torna pai. Ligar para minha mãe com a desculpa de que não conseguiu falar comigo quando na verdade, nem meu telefone salvo você tem, não te torna pai. Mentir pros seus amigos sobre a relação maravilhosa que a gente tem não torna nada disso verdade. Dizer que veio aqui me ver quando você sabe os horários que eu não estou em casa não te trás pra perto. Você perdeu seu direito, pai. Aliás, seus direitos, todos eles. Perdeu o direito de me ligar, porque eu não vou atender. Não temos nada pra conversar. Perdeu o direito de me mandar mensagem, porque nem visualizar eu vou. Você perdeu o direito de dizer todo orgulhoso que tem uma filha na faculdade. Perdeu o direito de mostrar fotos minhas pros seus amigos verem a mulher que me tornei. Você perdeu o direito de me encontrar por acaso na rua e desabafar seus problemas. Perdeu o direito de me abraçar. Perdeu até o direito de dizer que tem uma filha, porque de fato, há muito tempo você não tem. Não precisa aparecer duas vezes no ano feito fantasma. Não precisa bancar o pai presente que todo mundo sabe que você não é. Não venha me dizer o que eu posso ou não fazer. Não preciso mais dos seus conselhos. Nem do seu colo. Não tem mais monstros embaixo da minha cama, pai. Eu cresci, caso você não tenha percebido. Nesse tempo que você se foi, muita coisa aconteceu. E você perdeu tudo. Por medo. Por ignorância. Por não ter tempo. Agora não precisa mais. Nem no meu aniversário, nem no natal, nem hora nenhuma. Não preciso e nem quero nada que me remeta a você. Pode viver sua vida daí, eu vivo a minha daqui. É melhor assim. 

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