quinta-feira, 30 de abril de 2020

Diário da quarentena - Dia 43

Eu não quero levantar da cama. 
Não quero ouvir música e nem sinto vontade de dançar. 
Eu não quero ler. 
Não quero assistir filme. 
Não quero sair lá fora e observar o jardim. 
Eu não quero tentar tirar uma selfie bacana. 
Não quero cozinhar as coisas habituais. 
Tão pouco testar receitas novas. 
Eu não quero dar uma volta. 
Não quero assistir ao pôr do sol. 
Não quero conversar com meus amigos. 
Não quero fazer chamadas de vídeo com ninguém. 
Não quero beber em casa. 
Mas eu sei que hoje é algum dia entre abril e agosto. 
E sei que estou cansada de me sentir perdida no tempo. 
Pelo menos a madrugada ainda possui um silêncio reconfortante. 
Pelo menos ainda consigo escrever. 

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Me perdoe pelos meus mil anos à frente dos nossos segundos e pela saudade melancólica que eu senti o tempo todo, mesmo sendo nossos primeiros momentos. Pelo retesamento na hora de entregar. Pela maneira como eu grito e culpo que tiver por perto por uma angústia que sempre foi e será só minha e que eu sempre suporto, mas quando sinto amor, fico achando que posso distribuí-la um pouco, mesmo sabendo que é fatal. Me desculpe por eu ter querido tanto ficar bonita e perfeita e só ter conseguido olheiras e ossos. Me perdoe pelas vezes que de tanto querer leveza, acabei pesando a mão. De tanto querer sentir, pensei sobre como estava sentindo e perdi o sentimento. 

- Tati Bernardi.