sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Encaro a platéia desanimada que espera que eu os entretenha. Tenho alguns truques na manga, espero ser suficiente. No centro do picadeiro, me desdobro em mil para conseguir chamar a atenção do meu exigente público. Palhaço, mágico, equilibrista, domador. Por alguns minutos os tenho, o foco é meu. As luzes me cegam, mas meus olhos se acostumam aos poucos ao excesso de luminosidade. Destaco alguns pares de olhos curiosos, que me seguem pelo palco, mas logo se distraem. Não é suficiente. Encaro o público novamente, esgotando minhas opções. Escrevo, toco, canto. Me desespero para tentar ter a atenção de todos e sei que falho. Furiosa comigo mesma, reconheço que não tenho talento para a vida circense. Minha tarefa era simples, e ainda assim, consegui falhar. E quanto mais me esforço para direcionar os holofotes para mim, mais eles se desviam para outros cantos, onde não posso alcançar, onde sou invisível. Meu fiasco espetáculo diário termina e mais uma vez as cortinas se fecham para um público apático e alheio. Repito o mantra de que amanhã será diferente, mesmo não acreditando muito nisso. 

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

E eu ali, na minha necessidade sádica, espreito seus passos. Rondando-te como fera que acua presa fácil. Em silêncio, observo minha frágil presa. Não será hoje porém o confronto. Não. Meu sadismo me diz para ser paciente, então apenas olho de longe, como se estivesse alheia ao que me ocorre. Esperando um deslize talvez, um pequeno erro de cálculo que te provará que você andou em círculos à minha volta durante todo esse tempo. Mas reconheço o meu sadismo de esperar o momento, e reconheço o seu sadismo de retroceder sempre. De ir em busca do que já não está ali, só para talvez ter algo do que recordar, não sei. Não posso falar por você. Posso falar por mim, aqui sentada pacientemente. Não entrarei em confronto pelas mesmas velhas razões de sempre. Sou leão, mas não faminto. Posso esperar pela próxima refeição o tempo que se espera por uma vida. Ciente e consciente do que falo e observo. Sempre de olhos abertos, mesmo enquanto durmo. 

terça-feira, 19 de setembro de 2017


Quando desliguei o telefone pra lá das 04h00 da manhã, eu disse que sonharia com você, apenas pela certeza de que sua imagem linda, clara, fascinante, jamais sairia da minha cabeça... Ao me deitar eu estava pensando em ti, eu não sei se é sonho, eu não sei mesmo o que acontece, mas eu te sinto sempre, até enquanto durmo, sinto seu toque, sua voz, seu sorriso. Sinto e vejo tudo, meu misto de sonho e realidade, por que demorou tanto pra chegar? Eu guardei um sonho bom pra ti, essa noite toda, foi perfeita, eu estive com você, da forma mais incrível, toquei seu coração, te dei o meu, e recebi o seu. Ao amanhecer sua imagem continuava nítida em minha mente, meio sonolenta acabei despertando pelo vibrar do celular, e era você. E tem sido você, e vai continuar sendo você. Por tanto tempo eu quis, e então você chegou. 

- Caio Fernando Abreu.