quinta-feira, 16 de julho de 2015

Ouvi tudo o que tinhas a me dizer, mas de fato, não falei muito do que gostaria. Me olho no espelho e não reconheço os olhos que me fitam de volta, num abismo vazio e frio. No meu quarto, a mesma velha bagunça, assim como minha vida meus planos e ideias, de fato, minha única organização se resume a estante com livros. Estou de pé, mas me sinto jogada no chão, sem forças para levantar. Como sempre, vestida de preto dos pés a cabeça, para manter o clichê. Parada, pensativa, voando longe sem mover os pés. A tarde de verão está nublada, as nuvens cinzentas passam pela minha janela, passageiras. Aqui já não há mais nada, não vejo mais saídas. Parece que qualquer caminho que eu escolher tomar vai me levar pra longe de tudo isso, e por hora, é tudo que eu quero. Mas não sei se é o momento. Posso partir, mas as palavras me engasgarão algum dia e lá na frente terei que te ligar pra te dizê-las, então, talvez, seria melhor cuspí-las de uma vez, não? Há muitas coisas belas que gostaria de falar, outras, nem tanto. Mas se me permite questionar, será que o que direi não vai te machucar? Provavelmente. Não sei se quero isso. Impaciente, esfrego uma mão na outra. Sei que suas intensões são boas, mas não está me ajudando a tomar uma decisão. Disvinculo-me dessa confusão. Recuso seus cortejos como recuso café, por mais que doa, serei firme dessa vez. Não posso continuar nessa montanha russa, preciso ir adiante. E por mais que queiras segurar minha mão, no fim, para onde vou, você não pode estar. 

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