quinta-feira, 30 de julho de 2015

Assisto a noite cair pela janela. Noite calma, quente, silêncio se aproxima lentamente e toma conta de tudo por aqui. Sozinha em casa ando de um cômodo a outro sem saber muito bem o que fazer, me sinto incomodada. Volto pro quarto e sinto as quatro paredes se fecharem sobre mim, me sufoco e deito. Geralmente me sinto confortável sem companhia, mas hoje o silêncio me assusta. Coloco os fones, o modo aleatório acha um jeito de encontrar aquela música, e tudo vem. Vem as fotos, as coisas que você não quis, as palavras, as memórias, tudo o que eu fiz questão de deixar pra trás com o tempo que se foi. Tudo roda ao meu redor, talvez tenha exagerado na bebida, talvez tenham faltado cigarros, ou talvez nada realmente está onde deveria estar. Quer saber, não importa. Nada mais importa. Eu vou ficar aqui, até que esteja bem. Os dias bons vão ser raros, os ruins, cruéis, mas e daí? Vou aguardar o dia em que tudo isso ficará apenas num passado remoto, e as lembranças não mais vão doer, o silêncio não vai mais assustar, e a minha companhia vai ser mais que suficiente, sem bebidas exageradas ou cigarros baratos pra fugir da realidade. Vou ficar aqui com meus livros, meus discos e filmes, vou passar meu tempo como achar que devo, escrever o que me aflige. Vou dançar se tiver vontade, cantar mesmo sem saber, sorrir sem motivo, e chorar igualmente até que tudo volte a fazer sentido, afinal, é pra frente que se segue, mesmo que algumas coisas/pessoas fiquem para trás. 

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Como pude simplesmente te deixar ir embora? Não sei. Tudo que sei é que te assisti caminhar pra longe enquanto o vento apagava suas pegadas, para que não corresse o risco de eu te rastrear um dia. É estranho pensar que sinto falta até do que não tive quando o assunto é você, e mesmo assim, não consigo me arrepender de não ter feito nada, porque as razões que me freiaram são bem maiores do que as que impulsionariam meus pés na sua direção, suplicantes por seu retorno. Mesmo eu não tendo te falado tudo, sei que no fundo você sabe o que está acontecendo agora, aqui, e não queria que fosse assim. Talvez tivesse pintado em minha cabeça uma imagem mais fácil e simplória desse adeus, o que obviamente não aconteceu. Partilhamos muitas coisas, coisas que o tempo não é capaz de apagar, nem a distância de destruir. Risos, dores, saudades... Às vezes eu me olho e me sinto feliz por não estar aqui pra ver o quão embarassosa e bagunçada minha vida está, e o quão terrível eu sou lidando com tudo isso que sabia ser inevitável desde muito tempo. Me sinto bem por não poder medir o tamanho do vazio que ficou por aqui, com as lembranças que insistem em martelar minha mente, me impedindo de dormir, relembrando-me do teu rosto. Eu sou horrível, não estou tornando nada mais fácil pra você, eu sei, e deveria, mas tá complicado ficar em silêncio encolhida toda madrugada pensando em coisas que não acontecerão, como a sua volta, impossível, improvável, mas as lembranças pertinentes não me deixam acostumar com isso, por mais que eu queira encarar os fatos, continuo negando-os pra mim, não sei porque, talvez porque vai doer de qualquer jeito, então que seja pelo menos uma dor acompanhada de esperança, mesmo que em vão. Eu queria naquele dia ter feito você se virar, queria ter libertado meu choro agonizante, queria poder te dizer tudo o que eu gostaria, te contar as razões pelas quais sua falta é algo irreparável, e no entanto, fui forte. Te abracei como se fôssemos nos ver na próxima semana, te assisti ir embora parada feito uma rocha, consistente por fora, mas quebrada por dentro. Naquela última vez que me olhou, pela janela, eu apenas acenei e sorri, mas talvez essa tenha sido uma das coisas mais difíceis que fiz nos últimos tempos, porque eu queria gritar que eu vou continuar aqui, que caso queira voltar, eu vou te buscar no aeroporto e te abraçar como nas nossas lembranças. Mas nós sabemos que seria arriscado demais despejar todo esse fardo sobre você, por isso, eu o carreguei comigo de volta pra casa, desabei no chão com uma caixa de cigarros e deixei que tudo o que eu estava reprimindo saísse. Não sei quando essa agonia toda vai  passar, mas espero que passe. E logo. Não quero interferir tão negativamente na sua vida assim, não quero continuar alimentando falsas esperanças. Se tens que ir, vá. Eu vou me acostumar um dia. Até lá, não me faltarão cigarros, palavras ou vinho para fazer companhia à minha solidão. 

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Afogada em casa em algum disco e cerceja barata, parcialmente gelada e cigarros acesos.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Pode ser que um dia deixemos de nos falar... 
Mas, enquanto houver amizade, 
Faremos as pazes de novo. 
Pode ser que um dia o tempo passe... 
Mas, se a amizade permanecer, 
Um do outro se há de lembrar. 
Pode ser que um dia nos afastemos... 
Mas, se formos amigos de verdade
A amizade nos reaproximará. 
Pode ser que um dia não mais existamos... 
Mas, se ainda sobrar amizade, 
Nasceremos de novo, um para o outro. 
Pode ser que um dia tudo acabe... 
Mas, com a amizade, constuiremos tudo novamente, 
Cada vez de forma diferente, 
Sendo único e inesquecível cada momento 
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre. 
Há duas formas para viver a sua vida: 
Uma é acreditar que não existe milagre, 
A outra, é acreditar que todas as coisas são milagres. 

- Albert Einstein. 

sábado, 18 de julho de 2015

E foi como o previsto. A areia da ampulheta me enterrou com o tempo cruel que passou mais rápido que eu pude acompanhar. Agora vou sentar naquele bar, pedir aquela cerveja e tentar não me odiar pelo que não fiz. Talvez tenha sonhado demais e esquecido de acordar para a realidade, onde é preciso correr atrás das coisas. Não pude dizer adeus, nem até mais, tão pouco volte logo. Não sou boa com despedidas, muito menos com palavras ditas. Provavelmente se tentasse, sairia algo engasgado e sem nexo, que me envergonharia e te embarassaria. Meus dedos nesse teclado expressam melhor as coisas que você não consegue ler pelos meus olhos. Talvez um dia eu venha a enteder porque tudo que eu toco, acaba indo embora, e quem sabe nesse dia eu me acostume com esse sentimento. Até lá, continuarei aqui sentada, escrevendo minhas maluquices e gritando minha agonia em silêncio para ninguém ouvir. Eu pensei, de verdade, que teria mais tempo para resolver as coisas, que seria mais fácil, não sei. Mas os ponteiros do relógio giraram feito hélices e não me dei conta de que estava vendo os dias e noites passarem, esperando que algo acontecesse sem que eu precisasse fazer nada, mesmo sabendo que não aconteceria. As coisas foram para outro patamar, me sinto em outra dimensão. Onde não posso tocar nada, nem mudar nada, e por um lado, gosto disso, mas por outro, me sinto impotente demais, e isso é uma droga. Só me resta dizer: até logo. 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Ouvi tudo o que tinhas a me dizer, mas de fato, não falei muito do que gostaria. Me olho no espelho e não reconheço os olhos que me fitam de volta, num abismo vazio e frio. No meu quarto, a mesma velha bagunça, assim como minha vida meus planos e ideias, de fato, minha única organização se resume a estante com livros. Estou de pé, mas me sinto jogada no chão, sem forças para levantar. Como sempre, vestida de preto dos pés a cabeça, para manter o clichê. Parada, pensativa, voando longe sem mover os pés. A tarde de verão está nublada, as nuvens cinzentas passam pela minha janela, passageiras. Aqui já não há mais nada, não vejo mais saídas. Parece que qualquer caminho que eu escolher tomar vai me levar pra longe de tudo isso, e por hora, é tudo que eu quero. Mas não sei se é o momento. Posso partir, mas as palavras me engasgarão algum dia e lá na frente terei que te ligar pra te dizê-las, então, talvez, seria melhor cuspí-las de uma vez, não? Há muitas coisas belas que gostaria de falar, outras, nem tanto. Mas se me permite questionar, será que o que direi não vai te machucar? Provavelmente. Não sei se quero isso. Impaciente, esfrego uma mão na outra. Sei que suas intensões são boas, mas não está me ajudando a tomar uma decisão. Disvinculo-me dessa confusão. Recuso seus cortejos como recuso café, por mais que doa, serei firme dessa vez. Não posso continuar nessa montanha russa, preciso ir adiante. E por mais que queiras segurar minha mão, no fim, para onde vou, você não pode estar. 

domingo, 12 de julho de 2015

Em um minuto tudo se transforma. Olho a minha volta e só vejo bagunça. Em mim, igualmente reina o caos. Cada vez mais confusa sobre o que é real, assombrada pelo seu fantasma que insiste em visitar-me em sonhos. Talvez eu esteja perdendo o controle de mim, a lucidez. Mas é tudo tão real, e ao mesmo tempo tão distante. Demorei todos esses anos pra perceber que a vida e a morte se misturam num borrão, como tinta em tela, formando uma nova cor, elas formam uma nova dimensão, um caminho diferente. Em um momento tudo muda, as nossas escolhas definem o que nós somos, e nossas crenças, são elas que nos guiam pelos caminhos escolhidos. Sei de alguma forma, estou no meio de uma encruzilhada, e qualquer caminho que eu tomar será tortuoso e escuro, gelado e vazio, porque eu definitivamente tenho o dom de fazer essas escolhas. E sei que em alguma curva desse caminho vou te achar, porque você estará sempre pronta pra ser meu próximo erro. Mas eu não me importo. Você é o errado que deu certo, não importa o que aconteça, sempre vai fazer parte de mim, de quem eu sou. Sempre vai estar aqui pra me tirar os sentidos e a razão e me fazer acreditar que enlouqueci, e eu sempre vou recorrer a você quando nada der certo, porque de todas as pessoas que se foram, você ficou, mesmo depois de me dizer adeus um milhão de vezes. E isso sempre vai ser mais importante que qualquer outra coisa, porque palavras o vento leva, embora machuquem, mas atitudes permanecem para sempre, mesmo que o tempo nos leve. 

sábado, 11 de julho de 2015

Migalhas de Amor

Migalhas de amor, não quero, nem dou. 
Um dia alguém me propôs, me amar um pouquinho,
Assim, devagarzinho, sem querer correr, 
Como quem não quer sofrer e prefere ficar no zero. 
Mas amor assim eu não espero, 
Porque viver de metade é um horror! 
Migalhas de amor, não dou e nem quero! 
Mesmo assim ele insistiu, vivia me rodeando,
Chegava de vez em quando, depois nem dava satisfação, 
Vinha um dia sim, o outro não, 
E esse tipo de coisa eu não tolero. 
Na briga eu até modero, mas da ausênsia ele sentiu o sabor, 
Migalhas de amor, não dou e nem quero. 
Um dia fui me embora, sumi. 
Não dei notícias, ele chamou até a polícia pra saber meu paradeiro 
Se atolou num mar de desespero e disse: 
"O destino severo, levou a mulher que eu venero." 
Ficou só ele e a dor. 
Migalhas de amor, não dou e nem quero. 
Mas ele procurou, até me encontrar e perguntou, de cara lavada: 
"Porque deixaste a morada sem me dar explicação?" 
Eu disse: "Não entrego o coração só pra dançar um bolero. 
Se quiser os motivos, lhe enumero, mas não me comprarás com uma flor, 
Porque migalhas de amor, eu não dou e nem quero." 
E assim a história acabou. 
Não fui eu quem sai perdendo. 
Hoje ele quem está sofrendo por querer brincar de amar. 
E eu, cansei de avisar que malandro não considero, 
Lhe ofereci amor sincero, foi ele quem não deu valor. 
Migalhas de amor, não dou e nem quero! 



sexta-feira, 3 de julho de 2015

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Marco meu corpo agora para que os vestígios de tuas visitas desapareçam junto com o sangue que verte. Tua presença deixou marcas profundas em meu ser, interior e exteriormente, e se eu as deixar a mostra, jamais te perdoarei por tudo o que me causaste. Preciso apagar sua estada, as vezes que te deixei entrar em mim, ficar, morar... Preciso tirar de mim a sujeira que ficou de quando você se aconchegava em meu peito trazendo poeira de outros corpos que havias visitado sem que eu soubesse. E banho nenhum me alivia nem refresca a alma. Suas marcas não são superficiais, e você as deixou por toda parte. Sua bagunça ainda está aqui no resto que deixou de mim. E preciso me encontrar agora. Por isso apago seus traços, deixo pra trás as linhas desenhadas em mim por ti, e suas marcas de unha das noites quentes de prazer. Abdico-me de suas lembranças, e não a quero como visitante, nem de minha casa, tão pouco do meu corpo, que agora é só meu, e não mais divido com você, que dividias o teu com demais garotas ingênuas. Tiro meu sangue para te tirar por inteiro de mim. Purifico meu coração que bateu descompassado a cada vez que chegavas. Limpo meus pulmões que suspiravam de emoção a cada surpresa boba que me fazia. Faxino meu corpo e alma, que foi sua morada e você fez questão de se mudar deixando a desordem pra trás, e agora eu organizo. Limpo sua sujeira e seu nome do meu corpo e dos meus cadernos. Apago as cartas que escrevi e não lhe enviei. Rasgo as fotografias e memórias que construímos juntas, e que fizeste questão de estragar a maioria com idiotices. Fumo meu último cigarro para que a fumaça mate asfixiado qualquer vestígio seu que por teimosia tenha sobrado. Desenho outros amores no lugar onde era reservado para o seu. Pinto outros quadros em mim para substituir suas fotos. Bebo vinho para brindar o sangue que escorre e me liberta de você de uma vez por todas, e agora aqui estou, livre de sua bagunça, da sua sujeira e das suas mentiras. Tenho agora novos traços sobre mim, feitos por outros visitantes, alguns bem melhores que você. Minha casa e vida estão organizadas, e jamais permitirei que alguém faça tamanha desordem como você fez. Sou dona de mim, do meu corpo e da minha casa. E agora não mais preciso das suas sombras e memórias para me assombrar, pois a noite já não mais me assusta. Mesmo quando estou sozinha. 
Take me to church and I'll worship like a dog at the shrine of your lies. I'll tell you my sins, so you can sharpen your knife, offer me that deathless dead. Good God, let me give you my life. 

- Hozier.